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Meios de Pagamento

Digitalização motivou fechamento de agências, diz presidente do Itaú

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O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou nesta terça-feira que o banco tem visto um “incremento na digitalização” e está fechando agências em razão das necessidades dos clientes, que têm buscado menos os canais físicos. Esse processo, disse o executivo, tende a continuar na segunda metade do ano, mas não será maior que no primeiro semestre, quando a instituição encerrou 198 agências.

“Ainda temos uma quantidade de agências próximas umas das outras, resultado de fusões. Onde ocorre essa sobreposição e vemos que podemos suprir o fluxo de uma com a outra, fechamos”, afirmou em teleconferência com jornalistas.

Segundo Bracher, o banco abre por volta de 70 mil contas digitais a cada mês, e um número bem maior do que esse nas agências físicas.

No entanto, o volume nas unidades físicas é influenciado pelos serviços de folha de pagamentos, que representam um volume quase três vezes superior ao de aberturas de contas digitais. Se for olhado apenas o número de pessoas que abrem conta espontaneamente em uma agência física, ele é parecido com o das agências digitais, afirmou o executivo.

No segundo trimestre, disse Bracher, o Itaú abriu 1 milhão de contas em agências físicas e 205 mil contas digitais.

“O ritmo da digitalização depende de uma combinação de nossa capacidade e da demanda de clientes. Não é algo que está totalmente fora do nosso controle”, disse.

O executivo lembrou que a experiência digital é mais rápida entre os mais jovens, enquanto as agências continuam sendo importantes para outros segmentos de clientes. “As agências nos dão capacidade de atender um público diverso, enquanto os bancos puramente digitais costumam ter um público mais homogêneo”, disse a jornalistas.

O presidente do Itaú afirmou que o programa de desligamentos voluntários anunciado na última segunda-feira pela instituição é elegível para um contingente de 6,9 mil funcionários do banco, com idade superior a 55 anos e “quê têm alguma estabilidade”. Bracher disse evitar estimar um número de adesões.

Crédito para segmento de maior risco

Bracher disse que a demanda por empréstimos e financiamentos está concentrada em segmentos de maior risco, o que explica o aumento do custo do crédito no segundo trimestre.

As linhas de pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas são as que mais têm crescido, e elas exigem um provisionamento maior porque costumam ser mais arriscadas.

“Há um bom tempo tenho dito que não temos feito restrição adicional ao nosso apetite de risco na concessão. Se [a carteira] não cresce mais é porque não há demanda. A demanda tem se concentrado em segmentos de maior risco”, disse.

Bracher afirmou que é “bastante provável” um aumento da competição entre os bancos “na medida em que economia se torna mais favorável para concessão de crédito e o risco de inadimplência diminui”

O executivo discordou da avaliação de que os spreads não estão caindo. Segundo ele, o que acontece é que essa queda é compensada pela mudança na composição na carteira, com maior peso para as operações com o varejo. “A carteira evolui em produtos com melhor spread, o que faz com que média fique melhor”, afirmou.

“Uma eventual queda de taxa de juros é transferida integralmente para custos de financiamento, mas o custo de juros não é o único componente da taxa, nem o mais importante”, ressaltou.

No segmento de grandes companhias, Bracher afirmou que a Lava-Jato foi um agravante da recessão de 2016 e 2017, mas aos poucos a situação vai se esclarecendo. “Estamos nos aproximando do fim desse ciclo. acho que vão mais um ou dois anos para saber quem vai se recuperar ou não”, disse.

Por outro lado, Bracher afirmou ver um “esforço geral” no sentido de se criar as condições para a economia brasileira crescer mais.

“Tenho notado que o avanço das reformas tem permanecido alheio às turbulências políticas”, disse, ao ser questionado sobre declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Bracher, o esforço tanto do Congresso quanto do governo tem contribuído para o andamento das reformas.

O presidente do Itaú disse esperar a aprovação final da reforma da Previdência na Câmara e no Congresso até o fim de setembro. “A aprovação da reforma deixa o Brasil em uma situação tão boa como nunca vi em toda minha carreira”, afirmou.

Segundo ele, a reforma equaciona a questão fiscal, enquanto a inflação está bem controlada, a taxa de juros está historicamente baixa e em tendência de queda e a situação externa do país é confortável. Soma-se a isso o fato de que o desemprego ainda está elevado, o que vai permitir que o país cresça sem pressões inflacionárias. “Tudo isso me faz ser otimista”, disse.

Outras reformas, como a tributária, também trazem perspectivas positivas. “Tenho visto com muitos bons olhos a discussão séria que tem sido feita sobre reforma tributária. Espero que venham outras reformas no sentido de simplificar economia e torná-la menos burocrática”, afirmou.

Candido Bracher, criticou a possibilidade de criação de um imposto sobre transações financeiras.

“Não sou fã. É um imposto regressivo, pune as cadeias mais longas, que têm maior quantidade de transações. É tributado tanto na origem quanto no destino, o que prejudica as exportações”, disse.

Outro problema do tributo, segundo ele, é estimular informalidade, na medida em que as pessoas se esforçam para evitar transações financeiras. “É um imposto de atraso”, disse.

Apesar disso, Bracher afirmou que acatará o que for aprovado na reforma. “Viveremos com os impostos que nos forem apresentados”, disse

Dividendos menores no futuro

Bracher afirmou que o payout do banco tende a ser menor nos próximos anos, à medida que a economia crescer e estimular as operações de crédito.

“Com aceleração da economia, a possibilidade de crescer a carteira [de crédito], vai exigir mais capital e, com isso, o payout tende a ser menor nos exercícios à frente”, disse.

No entanto, neste ano, a remuneração aos acionistas deve ser novamente alta. Bracher reiterou que o Itaú não tem meta de dividendos, mas trabalha com o objetivo de manter o capital de nível 1 em 13,5% e distribuir o que gerar acima disso, se não houver outros usos para esses recursos. O banco encerrou o segundo trimestre com 14,9% de capital de nível 1. “Vamos distribuir dividendos em agosto e devemos voltar no início do ano a 13,5%”, disse.

Fonte: Valor Econômico

 

Product Manager da Serasa Experian. Sou designer apaixonado por marketing, mordido pela publicidade e produtos digitais, metódico, realista, dedicado e pra sempre aprendiz.