Regulamentação
Descontrole fiscal preocupa presidente do Banco Central
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que o “descontrole fiscal” faz com que ele perca o sono.
Em evento promovido pelo Banco Daycoval, Campos foi perguntado sobre o que o fazia perder o sono. O que ele respondeu? O fisco.
Em primeiro lugar, ele destacou a importância do avanço da vacinação contra a covid-19.
“Precisamos de vacinação eficiente para que as pessoas voltem a suas vidas normais”, disse, afirmando que só isso trará a “normalização da economia”
“A segunda coisa que me tira o sono é o descontrole fiscal”, afirmou. “É muito difícil segurar o monetário quando o fiscal está descontrolado.”
Campos voltou a defender então “um plano de consolidação fiscal” e repetiu que “nesse sentido o BC não é o piloto, é o passageiro”.
“Se não encontrarmos um equilíbrio fiscal, o lado monetário fica bem menos eficiente”, afirmou.
O presidente do BCdisse que não acredita em uma recuperação lenta do mercado informal de trabalho quando a economia for reaberta.
Ele destacou que “parte dos membros” do Comitê de Política Monetária (Copom) considera que o setor informal vai se recuperar “assim que a economia reabrir” – grupo em que ele está incluído.
Outros acham que vai demorar um pouco mais. Não me situo nesse grupo que acha que vai demorar um pouco mais”, disse.
Campos afirmou que o movimento inflacionário tem sido “mais consistente e intenso” do que a autoridade monetária calculava e que ele “começa a se propagar”. Mesmo assim, reiterou que, na visão do BC, essas pressões são temporárias.
“O movimento que estamos vendo tem caráter temporário”, disse.
Ele destacou que “grande parte do efeito inflacionário do curto prazo está relacionado a commodities e câmbio”, mas disse que essas pressões têm se mostrado persistentes. Além disso, lembrou que os núcleos de inflação, mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, “estão em patamares acima do nível compatível com o cumprimento da meta” de inflação.
O presidente do BC também lembrou que o peso que o Copom dá atualmente para o cumprimento da meta em 2022 “é muito maior” do que para 2021.
Ele reiterou ainda o plano do BC de realizar uma “normalização parcial” da política monetária. Ou seja: com a Selic abaixo da taxa estrutural de juros.
“Acreditamos que taxa a tem que estar estimulativa”, afirmou.
Campos reforçou que, quando o Copom diminuiu a Selic para 2% ao ano, as perspectivas para a atividade econômica eram piores. “[Selic em] 2% era para um cenário que não ocorreu”, disse.
O presidente do BC ainda reiterou que a alta mais forte da Selic neste início de ciclo pode fazer com que a elevação do total do ciclo seja menor. Há duas semanas, o BC elevou a taxa básica de juros para 2,75% ao ano e sinalizou outra alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião.
Fonte: Valor Econômico