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O que é open banking e como ele muda o mercado financeiro
Você já ouviu falar em open banking?
Quase todo o mundo já usou o empréstimo de um banco para comprar algum bem, ou ao menos usa uma conta corrente para fazer a maior parte de seus pagamentos mensais. No entanto, com o avanço da tecnologia, vêm surgindo cada vez mais opções para maximizar o valor que você obtém do seu banco, além desses serviços básicos – como o open banking.
O open banking é um sistema já bastante implementado no cenário mundial, que permite que provedores terceirizados (TPPs, na sua sigla em inglês) possam ajudá-lo a economizar dinheiro, fazer empréstimos com mais facilidade e pagar por seus produtos e serviços sem problemas.
No Reino Unido, os regulamentos já exigem que os bancos cooperem com TPPs autorizadas. Nos EUA, por sua vez, vários bancos perceberam o potencial desta iniciativa e disponibilizam dados voluntariamente. Essa tendência provavelmente continuará, com ou sem que se torne uma exigência legal, tanto nos EUA quanto em outros países.
No Brasil, também estamos testemunhando os benefícios do open banking. Assim como o Pix foi implementado há poucos meses e já revolucionou nossa maneira de fazer pagamentos e transferir dinheiro, o open banking chegou no Brasil como uma iniciativa do Banco Central para incentivar a transparência no sistema financeiro brasileiro.
Neste artigo, vamos entender melhor o que é o open banking, como este sistema funciona e as vantagens que você pode receber com essa novidade. Confira a seguir!
O que é open banking?
Vamos começar pelo básico. Em uma tradução literal, o termo open banking significa “banco aberto”, simbolizando a abertura dos bancos a uma nova era tecnológica, com mais autonomia e benefícios para os clientes.
Mais especificamente, o open banking é a prática de compartilhar informações financeiras eletronicamente. Embora possa parecer estranho à primeira vista, é importante pontuar que estes dados são compartilhados com segurança e apenas sob condições aprovadas pelos clientes.
Desta forma, os bancos garantem o sigilo da operação e você pode escolher com quem e quando as suas informações são compartilhadas. Idealmente, a tecnologia do open banking tem como principal resultado uma experiência melhor e mais vantajosa para os consumidores.
No Brasil, temos vários exemplos de bancos que já estão disponibilizando a opção de compartilhar os dados de clientes que solicitam e autorizam esta transmissão de informações para outra instituição. Dois exemplos importantes são o Banco do Brasil e o Banco Itaú, sendo que este processo e feito através da interface dos aplicativos já existentes destas instituições.
Assim, você já pode solicitar e usar serviços com o open banking. Por exemplo, ferramentas de gerenciamento financeiro de terceiros, como o conhecido GuiaBolso, usam as informações de sua conta bancária para ajudá-lo a controlar os gastos e alcançar outras metas.
Mas quais são os dados que o open banking pode compartilhar?
Em teoria, podemos dizer que existem três áreas amplas de “abertura” no open banking, ou seja, três categorias de informações que podem ser compartilhadas: dados da conta, dados do produto e dados para iniciar um pagamento.
Dados da conta
Os dados da conta que podem ser compartilhados são exatamente o que você espera. Coisas como:
- Nome do titular da conta
- Tipo de conta
- Moeda
- Data em que a conta foi aberta
- Informações de transação (por exemplo, valores, comerciantes, etc.)
Dados do produto
Os dados do produto dizem respeito aos produtos e serviços que uma instituição financeira pode oferecer. No passado, para descobrir o que um banco poderia oferecer de serviço para você, como cliente, seria necessário ir a uma agência bancária. Com os avanços que temos hoje, você já pode ligar para eles ou navegar no site da instituição.
Com o open banking, todo este processo pode ser facilitado. Essas informações podem ser colocadas em um formato padrão, permitindo a comparação entre os serviços oferecidos por diferentes bancos.
Isso torna mais fácil que outras pessoas ou aplicativos ajudem você a encontrar as melhores opções para as suas necessidades. Imagine, por exemplo, seu software de contabilidade notificando automaticamente quando é melhor trocar de banco e mostrando exatamente qual conta escolher. Isso está mais próximo do que parece!
Processo de iniciação de pagamento
Para realizar uma operação de pagamento, é necessário passar dinheiro de uma conta bancária para outra. Mas, em vez de ter que fazer login no banco online e passar manualmente pelo processo de pagamento passo a passo, com o open banking esse processo pode ser iniciado por outro software, aplicativo ou site.
Como resultado, o processo pode ser facilitado e acelerado – desde que o titular da conta consinta explicitamente.
E como o open banking funciona?
A transformação que permite o funcionamento do open banking é um processo interno de evolução tecnológica dos bancos. A interface de programação de aplicativo (também conhecida como API) dos aplicativos desenvolvidos pelos bancos devem permitir que outros aplicativos e serviços (também conhecidos como TPPs – third party providers) acessem informações financeiras de maneira eficiente, o que promove o desenvolvimento de novos aplicativos e serviços.
Na prática, são basicamente ferramentas tecnológicas que permitem esse compartilhamento de informações entre os bancos e outros serviços de forma segura e transparente. De forma simples, a tecnologia do open banking nada mais é que uma nova maneira de ajudar o software do seu banco a se comunicar com outros softwares.
Assim, as APIs são as instruções de como um terceiro pode acessar os dados de um banco, após a explícita autorização dos seus titulares. Uma vez que essas APIs são acordadas por todos os envolvidos na iniciativa do open banking, como o governo, órgãos reguladores e os próprios bancos, cabe às instituições bancárias construí-las e implementá-las.
Uma vez prontas e funcionais, as demais empresas autorizadas podem começar a acessar estas APIs e a construir produtos novos com base nesta tecnologia. Com isso, os clientes dessas empresas – que podem ser pessoas ou outras empresas – podem se beneficiar com o uso desses produtos inovadores.
Open banking é seguro?
Como explicamos até agora, o open banking é o processo de bancos e outras instituições financeiras abrirem dados para qualquer pessoa acessar, usar e compartilhar. No entanto, a infraestrutura é projetada para que os dados de seus clientes sejam compartilhados mais facilmente com terceiros somente quando o cliente decidir fazê-lo.
Este é um detalhe muito importante. O open banking não é uma maneira de permitir que os bancos vendam os dados de seus clientes. Pelo contrário, esta tecnologia foi concebida com o objetivo final de melhorar os serviços financeiros para os clientes.
Ao abrir acesso de outras empresas aos dados que eles historicamente mantêm em sigilo interno, os bancos abrem também espaço para que novas empresas e produtos cheguem ao mercado utilizando esses dados de maneiras úteis e inovadoras.
Por isso, o open banking depende do compartilhamento de dados. No entanto, você tem o direito de preferir manter suas informações privadas.
Afinal, qualquer compartilhamento que você autorizar coloca suas informações nas mãos de outra pessoa. É natural que você tenha dúvidas sobre o quão eficaz esse TPP será na proteção de suas informações – e o que eles farão com os dados.
No entanto, é importante salientar que permitir o compartilhamento de dados no open banking não significa reduzir a segurança ou a privacidade da sua conta. Os TPPs e bancos precisam tomar medidas rígidas para proteger informações confidenciais e educar os consumidores sobre os novos riscos que enfrentam.
Desta forma, toda essa transação está protegida pela Lei Complementar n° 105/2001, do Sigilo Bancário, que proíbe o compartilhamento sem o seu consentimento. Adicionalmente, essa novidade é regulamentada pelo Banco Central e seguindo também a Lei Geral de Proteção de Dados.
Assim, é implementada com regras específicas para fiscalizar e garantir que essa funcionalidade seja cumprida de forma igual a todos. O resultado é um sistema altamente seguro contra vazamento de dados e fraudes, de acordo com todas as normas da LGPD.
O que o open banking oferece na prática?
O open banking oferece vários benefícios para todos os envolvidos. Vamos entender quais as suas vantagens na prática:
Para provedores de serviços financeiros
Para as instituições bancárias, o open banking permitirá que os provedores de serviços financeiros inovem significativamente em suas ofertas de produtos para as empresas.
Para empresas (grandes e pequenas)
As inovações feitas por provedores de serviços financeiros com base nos dados do open banking se traduzem em ferramentas financeiras mais eficazes e eficientes para o seu negócio – principalmente na área de pagamentos.
Isso significa coisas como operações com mais automação, economia de tempo, menos dores de cabeça com tarefas manuais e, por fim, economia de dinheiro.
Para os clientes
- Mais facilidades: O banco aberto significará melhores maneiras de gastar, pedir emprestado e investir. As mudanças do open banking são um grande negócio para bancos, reguladores e TPPs. E os consumidores acabarão tendo mais opções para administrar seu dinheiro, pedir emprestado e fazer pagamentos.
- Ferramentas mais úteis: Espere ver mais ferramentas de gerenciamento de finanças de terceiros. As APIs abertas facilitam o trabalho dos desenvolvedores de aplicativos, o que permite que ajudem você a controlar seus gastos com mais eficiência. Com inteligência artificial, eles podem prever eventos em sua conta ou sugerir produtos que podem fazer você economizar dinheiro. Claro, alguns aplicativos podem não recomendar os melhores produtos e serviços, e sim aqueles que pagam taxas de referência, então você deve escolher suas ferramentas com sabedoria.
- Mais pressão sobre os bancos: Clientes de bancos tradicionais muitas vezes são presos a produtos, serviços e recursos desatualizados, em contraste aos serviços oferecidos por bancos modernos, como o Nubank e Banco Inter, que já possuem políticas mais flexíveis. Como as TPPs poderão acessar as informações bancárias e elaborar ferramentas para o seu gerenciamento, os próprios bancos se sentirão pressionados a melhorar os serviços que oferecem. Em vez de permitir que outra empresa ajude no controle do que você recebe, os bancos podem competir com ferramentas aprimoradas de gerenciamento de finanças e preços transparentes e competitivos.
- Empréstimos simplificados: Obter ou refinanciar um empréstimo deve se tornar uma tarefa mais fácil. Em vez de coletar manualmente uma montanha de informações e enviá-las a um potencial credor, os consumidores podem permitir que os credores acessem diretamente os dados que precisam e façam uma oferta melhor.
- Automatização da contabilidade: As empresas e consumidores também podem se beneficiar de processos de contabilidade mais fáceis e mais baratos. Os aplicativos podem ser integrados e atualizados automaticamente quando você envia ou recebe pagamentos, agilizando o processo.
- Novos métodos de pagamento: Outra novidade é o potencial de uso de sistemas de pagamento. Embora já existam serviços com esta função, como o PayPal e o MercadoPago, ficará mais fácil para provedores de serviços lidar com os pagamentos. Com mais competição, as empresas também podem se beneficiar com a redução dos custos de processamento de pagamentos.
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