Meios de Pagamento
Apple Pay agita o mercado de pagamentos
Não era surpresa para quem acompanha o mercado de pagamentos: a Apple vai entrar de cara em mobile payment. Para alguns, a entrada da gigante foi tardia, já que Paypal, Stripe e Square já investiam tempo, suor e sangue para consolidar o mercado de pagamentos móveis no mundo. Mas como tudo que Apple lança vira buzz, o Apple Pay veio para afirmar que eles sabem fazer barulho num lançamento: Tim Cook, apresentações “jobianas” e um novo iPhone para completar.
O Apple Pay é talvez a mais perigosa e poderosa ferramenta de pagamentos móveis do mundo, do ponto de vista da concorrência. Basta avaliar rapidamente a base de usuários de iPhone, iPad, iPod, Macbooks e outros devices da fabricante, para prever que podemos estar prestes a ser testemunhas de uma ruína de milhares de empresas de pagamento móvel no mundo, inclusive aplicativos focados em pagamento. Do ponto de vista estratégico, eles preferiram ver o sofrimento do Square nos EUA para entrar em diversos mercados e estabelecimentos, leia em: Square sofre para dar lucro e O Abandono do Wallet, para entender a afirmação. E esperaram o momento certo de Paypal, Clover entre outras investidas como o Sumup, ainda “patinarem” nos modelos e na forma de concretizar a distribuição. Na prática eles entraram após mapearem o sofrimento dos pioneiros, que sempre pagam pela inovação. Então, podemos concluir com essa afirmação que eles não foram tão “alienados” assim, ao aguardar o momento certo do mercado. Veja a quantidade de estabelecimentos abaixo e entenda que a demora pode ter sentido. O próprio Japão tem um mercado m-Payment mais concreto que os EUA.
Por enquanto a solução só vai funcionar no iPhone 6, mas é questão de tempo e testes, para abranger o que eles fazem de melhor: integração dos devices com uma única conta da Apple Store. Assim como o Bluetooth, o chip NFC só poderá ser usado com o Apple Pay também. Celulares brasileiros ainda não poderão usar o aplicativo, tsc.
Por que o Apple Pay pode mudar o mercado de pagamentos?
Basta saber dos dados de usuários e celulares no mundo que eles já manipulam, para imaginar o domínio possível da empresa no ramo de pagamentos.
Alguns números já falam por si:
800 milhões de cartões cadastrados no iTunes – quem precisa de banco?
220.000 estabelecimentos já estão prontos para receber pagamentos através do app, ex: MacDonalds, Disney, Uber e Groupon.
A Apple é uma das maiores detentoras de patentes NFC do mundo. “Segura essa Google!”
4,2 milhões de iPhones 6 foram vendidos em 24 horas.
O Stripe já anunciou a integração na sua plataforma (veja em https://stripe.com/apple-pay)
A Apple vai ficar com 0,15% de cada transação. (Alguém já viu uma taxa como essa?).
11 dos maiores emissores de cartão já vão estar integrados no Apple Pay.
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Não basta ser vidente para saber que isso pode chacoalhar e arruinar qualquer empresa que esteja nesse mercado. O próprio Paypal já sentiu o “baque”. Isso foi identificado pelo anúncio feito semana passada, onde a empresa toca na ferida da Apple, sobre o vazamento de fotos do iCloud, conforme imagem a seguir.
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Essa briga está tão boa, mas tão boa, que o Square anunciou quase que simultaneamente ao lançamento do Apple Pay, o investimento de U$100MM (aproximadamente R$225 milhões) para continuar crescendo. Segundo especialistas e o próprio mercado o Square já vale U$6 bilhões. O dinheiro veio da GIC (Government of Singapore Investment Corporation).
O que sabemos é: Apple Pay, Paypal, Google e Square estão prestes a capitanear essa, que promete ser a mudança mais significativa em pagamentos nos últimos 10 anos.
Semana agitada essa que passou…